O impacto das inovações no futuro do trabalho e na área de SST
O futuro do trabalho frente às novas tecnologias e o impacto das inovações na área de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) foram as discussões que nortearam o painel conjunto CPRT, COMAT e CRS, na manhã de ontem, no ENIC. Os palestrantes trouxeram algumas reflexões e lançaram alguns desafios aos presentes.
O especialista em desenvolvimento industrial do SENAI, Luís Gustavo Delmont, provocou a plateia, perguntando quanto à atenção aos sinais da evolução. “É preciso observar esses sinais e se preparar para as mudanças e criar futuros desejáveis para os negócios. Querem um exemplo? Há dez anos, os taxistas deviam ter percebido que o mercado deles sofreria mudanças. Já existiam o GPS, os smartphones e o sistema de pagamento online. Os modelos mudam e estão mudando. Na construção, as construtechs estão aí e já existem elevadores que andam vertical e horizontalmente. Assim, é preciso buscar o protagonismo e fazer a diferença”, afirmou ele.
Trazendo o questionamento de como esse novo cenário impacta nas ações de SST, Thiago Yhudi Taho, especialista em Desenvolvimento Industrial e Coordenador Nacional dos Centros de Inovação do SESI, disse que as tecnologias podem ser usadas a favor desses programas. “É preciso monitorar este cenário de mudanças para desenvolver, de forma diferente, a saúde do trabalhador e a prevenção de acidentes de trabalho. Os drones, por exemplo, permitem o acesso às áreas perigosas ou de difícil acesso nos canteiros. Outro caminho é o BIM, que pode integrar ao projeto os requisitos de segurança exigidos pelas Normas. Então, a inovação na SST reduz acidentes e, consequentemente, os custos com a saúde suplementar”, destacou.
Para o engenheiro e especialista em Segurança e Saúde no Trabalho, Hugo Sefrian Peinado, a área de SST é beneficiada pelas novas tecnologias e o setor da construção deve aprender a usá-las de forma coerente. A realidade virtual foi um dos exemplos trazidos por ele. “É possível se fazer simulações de cenários reais e, assim, identificar os riscos, bem como realizar treinamentos de capacitação de trabalhadores e gestores”, explicou ele, confirmando o que Thiago disse, de que o BIM também pode ser usado a favor da construção civil, facilitando a identificação de possíveis riscos.
Hugo Sefrian
Falando sobre o futuro do trabalho na indústria, Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Confederação Nacional da Indústria, destacou os impactos gerados pela chamada construção 4.0, que mudará não só o cenário dos negócios, nos campos da produtividade, da gestão empresarial e da integração da produção, como também o perfil do trabalhador, que precisará ter mais habilidade de cognição, mais criatividade e ser resolutivo. “É importante termos a premissa de que a construção 4.0 é uma grande oportunidade, pois vão surgor novos mercados e protagonismos. O gestor precisa pensar em qualificação, assumindo a responsabilidade de fazer com que quadro funcional seja estável e se capacite, para melhoria da produtividade”, concluiu.
Fechando o painel, a publicitária, futurista e pesquisadora sobre o futuro do trabalho na Rede Crie Futuros, Datise Biasi, abordou as perspectivas para o mercado do trabalho, com os avanços tecnológicos e as mudanças sociais, e como serão as novas empresas e relações trabalhistas. Para ela, a transição da era industrial para a digital traz desafios de adaptação, pois é preciso pensar neste contexto digital. “É uma mudança cultural e de mindset”, afirmou.
Datise Biasi
Uma das maiores transformações apontadas pela futurista é a forma como pessoas trabalham. “Hoje, temos muitos casos de pessoas que trabalham no regime de homeoffice. Estamos na era do trabalho remoto, com jornada flexível. As pessoas podem trabalhar de qualquer lugar”, apontou ela, ressaltando que as relações profissionais também sofreram mudanças e estão mais plurais e informais.
Na área da construção civil, ela diz que há déficit de mão de obra capacitada, o que deve levar os gestores a pensar em treinamentos, principalmente que qualifiquem para a utilização de novas tecnologias. Como gerenciar essa capacitação depende de cada um. “Não há respostas, há iniciativas para prover educação e ajudá-los a desenvolver habilidade. A mudança é nossa única certeza”, encerrou.