Dia Internacional da mulher e a força feminina na construção civil

 

Um dos setores que mais alavanca a economia é também um dos que mais vêm mudando sua característica diante do crescimento das mulheres no mercado de trabalho. No país, a ciência da engenharia sempre foi marcada pela presença masculina e, por muito tempo, as mulheres eram consideradas como sexo frágil e incapazes de desempenharem as atividades que o setor exige. Na construção civil, o canteiro de obras sempre foi considerado uma zona de força bruta, ideia que tem sido modificada com o passar dos anos. Contudo, esse mercado vem apresentando mudanças e abrindo portas para o crescimento da presença feminina, uma tendência que se fortalece a cada ano.

Segundo dados do IBGE, em 2018 havia 239.242 trabalhadoras registradas no mercado da construção civil. Em 2007, esse número era de 109.006, ou seja, teve um aumento próximo de 120%, em 11 anos. Um dos fatores que estimulou o aumento, segundo o instituto, é a evolução da indústria de construção civil. Com métodos construtivos automatizados e maior segurança, a prioridade está mais na qualificação profissional que na força física. A opinião é confirmada pelo diretor de mercado e marketing da FG, Altevir Baron. Atualmente a empresa conta com 13,4% de funcionárias nos canteiros de obra. Um número que pode parecer pequeno, mas que vem crescendo anualmente. “Se analisarmos o percentual como um todo, da presença feminina na empresa, temos um salto para 40,5%, nos cargos de liderança representam 35,4%”, pontua Baron.

E, engana-se quem pensa que elas se intimidam. Luiza Serabion Graça Schneider, 30 anos, colaboradora da FG Empreendimentos, trilhou caminhos que poucas mulheres escolhem e hoje faz história por ajudar a construir o empreendimento que será o maior prédio residencial das Américas, o One Tower, que será entregue em 2022.

Luiza é engenheira civil e técnica de segurança do trabalho. Há 7 anos na área da construção civil, destes há quase 2 anos na FG Empreendimentos, atuando como técnica em segurança do trabalho, diariamente se desafia em um ambiente majoritariamente masculino, sendo prova de que as mulheres são capazes de desenvolver qualquer profissão. “No começo eu tinha medo, medo de não conseguir, de não mostrar do que eu sou capaz, mas a vivência me mostrou que, ganhando a confiança dos colegas, a dúvida diante da nossa competência dá espaço à valorização”, comenta.

Mas nem tudo são flores. Ou melhor, em um canteiro de obras, muitas vezes o peso da responsabilidade vem junto com as toneladas de argamassa e tijolos. “Coordenar um público predominantemente masculino me fez aprender que é ensinando com exemplos que o respeito e a relevância se fortalecem. É desafiador, desenvolvo uma força interna que não sabia existir, não é fácil, mas é gratificante”, suspira Luiza lembrando-se de suas experiências.

No Rio de Janeiro, Márcia Cristina Santos da Silva trabalha há mais de 10 anos na área e foi a primeira mestre de obras mulher do Brasil. Apaixonada pelo que faz, ela é outro exemplo de que as mulheres são capazes de pisar com profissionalismo em uma obra. “Sempre fui vidrada em obras e serviços pesados. Meu pai trabalhava na área e, muitas vezes, levava o almoço para ele e acabava ficando pra ajudar com pequenas coisas. Peguei amor”, lembra ela. Ainda que tenha trabalhado em outras áreas, sua paixão sempre foi a construção civil, onde já atuou como ajudante de obra, auxiliar técnica e encarregada, além de ter encarado seu maior desafio: ser mestre de obra de uma grande construtora.

Sobre o preconceito, Márcia Cristina diz que sofreu dentro de casa, com o marido que não aceitava a esposa trabalhando em obras. “Optei pela minha carreira e deixei o casamento de lado. No trabalho, felizmente, o preconceito reduziu bastante. No meu caso, sempre fui muito desafiada, não por parte dos gestores, mas por parte dos subordinados. Percebe-se que há admiração, mas também o preconceito”, diz ela, deixando um recado para as mulheres: “Pode ser difícil querer arregaçar as mangas, por conta do preconceito, mas lute pelo que você quer, imponha respeito, com respeito, e se qualifique para galgar na carreira”.

 

Da redação com informações do Portal Terra

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