Como estruturar um programa de gestão em ESG para sua empresa
No momento em que estamos lidando com o período de preparação para o mundo pós-pandemia, a sigla ESG tomou os holofotes do mundo da gestão e dos investimentos. Diante de tantas dificuldades vividas, seja pelos acionistas ou pelas empresas em si, esse nome vem para mostrar um pouco mais do que responsabilidade pelos lucros das empresas, mas, principalmente, a preocupação por todo seu entorno e cadeia.
Diversos bancos de investimentos já criaram carteiras direcionadas à excelência em ESG, nas quais o investidor tem por opção investir em empresas que apresentam de forma clara suas ideias e políticas, a fim de manter uma agenda sólida ligada à sustentabilidade, responsabilidade social e governança corporativa.
Se a sua empresa ainda não entrou nessa nova onda, seguem abaixo sete passos que irão auxiliá-la a seguir essa promissora jornada, rumo a um mundo corporativo de maior autorresponsabilidade.
Passo 1: Tenha em mente um programa específico de trabalho
Passo 2: Crie uma política alinhada a sua visão e valores
A política da empresa é uma forma de explicitar claramente suas diretrizes. Uma agenda ESG precisa ter políticas muito alinhadas aos objetivos e, principalmente, ao que se acredita dentro dos bastidores da empresa. Não adianta criar políticas bonitas e cheias de marketing agregado, mas que, na verdade, nada tem a ver com o DNA da empresa, portanto, a política deve ser muito estudada para que esteja de acordo com o que os funcionários entendem que a empresa tem como valor. Se sua empresa não tem qualquer frente de trabalho objetivada aos pilares do ESG, está na hora de criar um ponto de ruptura ou sua política cairá em descrédito assim que criada e perderá a força.
Uma empresa que quer ser reconhecida pela sua agenda ESG precisa ter, pelo menos, um ponto focal em cada um dos pilares: ambiental, social e de governança. Eles devem ser os agentes orientadores e que acompanharão a evolução dos programas ligados à sua atividade. Uma agenda positiva em ESG precisa estar muito bem alinhada aos seus pilares de forma igualitária e, com isso, necessita que tenha pessoas colocando esse fator em pauta o tempo todo, para não cair em esquecimento ou perder a qualidade.
Os riscos ligados ao ESG existem em qualquer lugar, independentemente do ramo de atuação da sua empresa. Trabalhar para mitigar e eliminar riscos é um conceito base para empresas que querem destacar-se em ESG. Para que seja possível obter o máximo de informações quanto aos riscos e criar planos de ação relevantes, é importante a realização de um brainstorm, onde quanto mais pessoas participarem, melhor. Gerar um programa com muitos riscos elencados ajudará a empresa a minimizar esses impactos e ainda a criar planos de ação e prioridade que irão nortear sua atuação. As áreas de governança, Responsabilidade Social e ambiental, são de alta sensibilidade quanto a riscos corporativos, portanto, um inventário bem realizado é um investimento para minimizar grandes problemas no futuro e ainda aumentar sua credibilidade perante os acionistas.
Passo 5: Crie uma priorização dos riscos inventariados
O inventário realizado pela empresa mostrará exatamente que riscos devem ser tratados como prioridade. Muitos riscos irão surgir no brainstorm, portanto, é necessário criar uma escala de priorização dividida em três, quatro ou até mesmo em cinco etapas para tornar o programa mais funcional e dinâmico. Caso tenha dificuldades em elencar os riscos, utilizar-se da avaliação 80/20 pode ser útil, onde 80% dos potenciais problemas são efeitos gerados por 20% dos riscos inventariados.
Passo 6: Pessoas, processos e sistemas de gestão
Pessoas, processos e sistemas de gestão são colunas base para qualquer resultado. Estes três fatores devem ser levados à risca na implementação da agenda ESG e a cautela para que estejam em pleno funcionamento é necessidade básica. Existem muitas frentes de trabalho pouco efetivas por deixar algum dos três pilares de lado, ou até mesmo por focar somente em um deles. Independentemente disso, todos precisam de um padrão igualitário de prioridade para que não haja interferência negativa no resultado do programa por conta de algum desses fatores. As pessoas são o recurso mais variável e por isso precisam de atenção especial, os processos são os fluxos obrigatórios e sempre passam por alterações, revisões e ajustes e os sistemas de gestão são as grandes resistências que suportam a melhoria de forma organizada e padronizada. Trabalhar nas três frentes de trabalho é a forma mais alinhada de manter o programa ESG funcionando de forma sustentável.
Passo 7: Resultados
A gestão dos resultados também requer uma atenção especial. É muito comum vermos empresas se destacando em algum dos pilares ESG e pouco tempo depois, tendo que lidar com escândalos ambientais e sociais. A demanda criada no mercado quanto a ESG é justamente uma forma de mostrar como os investidores podem conhecer um pouco da agenda positiva das empresas e assim apostar suas fichas em algo mais “seguro”. Os resultados em ESG precisam ser reais, coordenados e, acima de tudo, fruto de um programa sólido que não dependerá de muitos esforços adicionais para ser mantidos. Programas de trabalho desse tipo, precisam de uma cultura presente e, para isso, faz-se necessário dar um passo de cada vez.
As empresas que desejam criar uma carteira sólida e que realmente querem que isso ocorra de forma sustentável precisam seguir os passos acima de forma fiel e ainda entender que esse não é só mais um programa e, sim, um plano que acompanhará a empresa para o resto de seus dias.
Fonte: Portal Administradores, por Luiz Otávio Goi Jr., especialista em Educação, Saúde e Segurança do Trabalho, Sustentabilidade Empresarial e MBA em Gestão Empresarial.