A química das equipes: mais do que “juntar madeiras”
“Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para juntar madeira ou atribua-lhes tarefas e trabalhos, mas, sim, ensine-os a desejar a infinita imensidão do oceano” (Antoine de Saint-Exupéry)
Ainda hoje, em muitas organizações, a realidade é que líderes chamam pessoas para juntar madeira. Embora a tarefa seja importante, se dissociada do ‘para quê estamos juntando madeira’, se não estiver conectada a um significado maior para que a executa, aumentam as chances de erros. Isso também se dá nos níveis mais altos dentro de uma organização. Quando o líder da organização ou os acionistas determinam objetivos áridos e sem significado para seus times executivos, obterá as tarefas feitas, ou, como acontece com maior frequência, justificativas de por que não deu certo. O desenrolar desse enredo todos conhecemos.
Times em que cada um faz sua parte, operando em silos, reuniões que geram reuniões e as coisas não seguem adiante, pessoas brilhantes em suas áreas que atuam de forma mediana em equipe, reuniões onde decisões, que ninguém individualmente gostou, são tomadas.
O que está faltando aqui não é necessariamente competência ou saber trabalhar junto. Então, o que é? Está faltando a química, a magia que faz as coisas acontecerem.
É a resposta a essas 3 perguntas:
- O que é que esse time existe para realizar? qual sua contribuição para a missão da organização?
- Quais são as coisas que fazem juntos?
- Para quê? qual benefício é consequência de ser um time?
As respostas a essas perguntas compõem o propósito desse time. Cada time tem seu lugar único de contribuição para o propósito maior da organização. O propósito também pode ser entendido como a química, a magia dos objetivos. Enquanto objetivos devem ser mensuráveis e concertos, o propósito oferece o significado e importância.
Cabe a você, líder, que tem a visão mais ampla sobre o propósito da organização, seu contexto e estratégias, oferecer uma primeira versão desse propósito e definir o time necessário para chegar lá. O próximo passo é permitir que esse time molde e dê corpo a esse propósito, incorporando-o como sentido comum que torna a contribuição de cada um significativa.
Essas são as condições que respondem à pergunta Shakespeariana “ser ou não ser” do time e de cada membro. Rompido esse limiar, prepare-se para reuniões que ultrapassem o compartilhamento de informação. Abra espaço, pois seu time tem soluções.
Por Cláudia Miranda Gonçalves, para o blog Lentes de Decisão do jornal O Estado de SP